Coletivismo e Orientação para o Grupo
Uma das categorias mais utilizadas pelos sociólogos para o contraste entre sociedades é o grau de individualismo versus o coletivismo.
Ainda que óbvio para nós, as culturas ocidentais tendem a sempre enfatizar o individualismo – o indivíduo é definido mais pelo que tenha alcançado do que pelos membros do grupo o qual pertence. A expressão individual é incentivada desde a mais tenra idade e culturalmente reforçada pelas sociedades ocidentais.
Em contraste, o coletivismo é inerente a uma sociedade confucionista. Para que a sociedade chinesa pudesse funcionar de forma harmônica e sem maiores problemas foi necessário que os desejos individuais se sujeitassem para o bem maior do grupo. Em outras palavras, o indivíduo não existe independente do grupo a que pertence. Pelo contrário, o indivíduo só é definido em sua relação com o próprio grupo.
Por milênios os chineses foram condicionados culturalmente a suprimir suas necessidades pessoais e pensar em termos de responsabilidade coletiva – primeiro às famílias, ao clã, comunidade, e em geral à Nação.
Recentemente a sociedade chinesa tem mudado rapidamente. Para melhor ou para pior, a cultura chinesa vem se “ocidentalizando”, juntamente com muitas culturas ao redor do mundo. Talvez a declaração que melhor simbolize este momento de tradição seja a de Deng Xiaoping de que “Ser rico é glorioso”. Hoje tal transição já distante do coletivismo tradicional dá lugar a uma mentalidade caracterizada pela busca constante do número 1.
No entanto, o peso dos valores culturais ainda é predominante. Por exemplo, apesar da ocidentalização asiática ainda existe um forte valor em torno da modéstia e da humildade. A ostentação típica do individualismo ainda são extremamente repelidas pelos chineses.
“Nali? Nali?”
Outro exemplo é a modéstia com que recebem um elogio. Os chineses são famosos por seus elogios efusivos. Isto ajudará a lhe explicar caso eles achem seu chinês excelente, apesar do fato de você massacrar a pronúncia das três ou quatro palavras que conseguiu aprender em sua viagem (Olá, Obrigado, Adeus).
Ao contrário dos ocidentais, que agradecem quando recebem um elogio, os chineses sabem rejeitá-los de uma forma bastante educada e modesta, perguntando “Nali? Nali?” (traduzido literalmente como Onde? Onde?) “Onde está este suposto chinês excelente a que você se refere?”.
Os narcisistas egomaníacos irão adorar viajar para a China. Pela primeira vez em suas vidas irão se sentir como verdadeiras celebridades, se inchando de orgulho pelos elogios que receberão de pessoas desconhecidas nas ruas tentando tirar fotos com eles. Um conselho: não perca a modéstia, por mais que todos lhe digam o contrário.
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